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Combate às Opressões

Por que o dia 25 de novembro é comemorado como o Dia Internacional de Luta contra a Violência a mulher?


Esta data antecedeu um Encontro Feminista Latino Americano e do Caribe. Foi exatamente em 1981 em Bogotá – Colômbia, em memória as irmãs Mirabal, assassinadas na ditadura de [Rafael Leónidas] Trujillo, na República Dominicana que foi proposto essa atividade de caráter internacional.  Pouco tempo depois foi assumido pelas Nações Unidas, no âmbito da Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres. Esta data reflete a necessidade de se manifestar publicamente pela suspensão da violência sistemática contra as mulheres tomando o exemplo das mulheres lutadoras que enfrentaram os regimes ditatoriais, desnudando que a violência está presente na nossa vida diária e que não se pode escondê-la.

Quais são algumas das principais manifestações de violência contra as mulheres?

Uma série de manifestações de violência  contra as mulheres já foram classificadas,  , mas só é possível explicá-las pelo papel social atribuído a mulher: como objeto, propriedade privada dos homens brancos e para manter a sociedade tal como a conhecemos patriarcal e capitalista.

Embora exista registro de mudanças, algumas progressistas para combater a violência contra as mulheres e para o gozo de nossos direitos, falta muito a fazer.

A violência em suas manifestações verbais, psicológicas, profissionais, físicas e sexuais são alguns dos eventos que dominam a vida das mulheres diariamente. Basta sair as ruas para perceber isso ou simplesmente refletir a mesma violência que acontece todos os dias no seio da família.

Esta violência tem graves consequências para as mulheres, desde a geração de medo, traumas, baixa estima até a morte. A que se deve acrescentar que exclui as mulheres no âmbito da política, do social e da cultura da história, apagando-nos praticamente da história.

Em que pese que sejam nós as mulheres, quem muitas vezes encabeçam a primeira fila das lutas, somos escravizadas pelas tarefas domésticas sem ter oportunidade de nos desenvolver em outros campos, o que faz que sejamos apagadas dos espaços públicos.

As mulheres têm que enfrentar a censura e o controle do dia a dia, a partir do controle da nossa sexualidade, do nosso direito de decidir se queremos ser ou não mãe, da nossa maneira de vestir, da maneira de nos expressar, como interagimos com os homens e até mesmo entre nós.

Este controle se dá através da construção das identidades de gênero, onde é imposta a mulher, entre outras coisas, a renúncia de si mesma e, portanto, um compromisso total com os outros, a falta de autonomia e independência e competição entre nós, deixando de lado a solidariedade que é essencial para união das mulheres.

Ainda mais contraditório é que as mulheres da classe trabalhadora são vítimas dessa mesma violência dentro da nossa classe. Tanto na vida diária com as nossas famílias e parceiros, como nas organizações sindicais e partidárias.

Portanto, é urgente compreender que o tema da violência se expressa em todos os âmbitos e, portanto, qualquer organização que reivindique o socialismo deve combater ferozmente a sociedade de classes e de opressão das mulheres em uma relação indissolúvel, entendendo que não se alcança um sem o outro.

Quais fatores vêem hoje influindo para manter a violência?

Hoje, para nós, há um elemento central que exerce uma pressão para continuar a maximizar a violência contra as mulheres: o Estado confessional (governo e igreja administrando o Estado).

Claramente esta relação torna-se cada vez mais opressiva, e por isso hoje nós levantamos com urgência um Estado laico como reivindicação imediata para enfrentar a violência institucionalizada contra a mulher.

Todas nós testemunhamos a forma brutal em que se expressou o cardeal enviando de Roma para celebrar o dia 02 de agosto, dia da Virgen de los Angeles, onde ele disse basicamente que as mulheres são culpadas da violência que enfrentam no dia a dia pelo nosso modo de vestir e agir. A mulher que é violentada fica marcada, enquanto o homem  que ataca uma mulher com todos os seus atos machistas está protegido.

Mas o papel da igreja para o estabelecimento e continuidade da opressão e da violência contra as mulheres vai além, continua impedindo que nas escolas e universidades tenhamos acesso a educação sexual de qualidade e livre de preconceitos sexistas e homofóbicos. Por estas e por muitas outras razões para denunciar a violência contra as mulheres, hoje todas devem gritar em voz alta: Estado laico já!!!

Temos que tomar as ruas!!!

Para denunciar a violência contra as mulheres esta data nos permite fazer várias coisas:

· Tornar visível a violência que as mulheres enfrentam todos os dias;
· Denunciar o sistema em que se conjugam tanto a propriedade privada como a apropriação da mulher e o corpo feminino para gerar lucros;
· Insistir que os ataques as mulheres é um sinal claro de que não querem que avancemos para uma sociedade sem violência;
· Falar abertamente, em que pese que algumas vezes sentimos medo de andar sozinhas pelas ruas, que não estamos sozinhas se nos juntamos e exigirmos uma sociedade diferente;
· É uma clara oportunidade de romper com o ditado popular: “Todo mundo em sua casa e Deus por todas (os)!” e avançarmos para denunciar a violência de forma aberta e em bom som;
· Exigir que os organismos que intervimos sindicatos, federações e entidades estudantis, entre outros, que o tema da opressão da mulher seja prioridade na agenda política da classe trabalhadora;

Nesta data convidamos as mulheres trabalhadoras e estudantes dos setores mais vulneráveis a refletir, por que todas as mulheres sofrem violência, mas nem todas as mulheres estão dispostas a colocar abaixo o sistema que nos oprime, violenta e explora.

Elevemos nossas reivindicações bem altas e continuemos construindo uma luta contra o capitalismo patriarcal não só de classe contra classe, mas fazendo uma agitação no seio da classe trabalhadora para exigir nosso espaço.

Organizemos já e continuemos gritando:

· Fim das mortes por abortos clandestinos!
· Estado laico já!
· Salário igual para trabalho igual!
· Basta de violência contra as mulheres!

Fonte: Bandeira Vermelha, nº 83, Dezembro, 2011
Escrito por Juventude Revolucionária do PRT

Dia Internacional da Mulher


As histórias que remetem à criação do Dia Internacional da Mulher alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas. Sem dúvida, o incidente ocorrido em 25 de março daquele ano marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do século 20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento.

Desde o final do século 19, organizações femininas oriundas de movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e os salários medíocres introduzidos pela Revolução Industrial levaram as mulheres a greves para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do trabalho infantil, comum nas fábricas durante o período.

O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No ano seguinte, o Partido Socialista dos EUA oficializou a data como sendo 28 de fevereiro, com um protesto que reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York e culminou, em novembro de 1909, em uma longa greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas.

Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca, uma resolução para a criação de uma data anual para a celebração dos direitos da mulher foi aprovada por mais de cem representantes de 17 países. O objetivo era honrar as lutas femininas e, assim, obter suporte para instituir o sufrágio universal em diversas nações.

Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram ainda mais protestos em todo o mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra - em um protesto conhecido como "Pão e Paz" - que a data consagrou-se, embora tenha sido oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921.

Somente mais de 20 anos depois, em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento feminista ganhou corpo, em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher e em 1977 o "8 de março" foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas.

"O 8 de março deve ser visto como momento de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países", explica a professora Maria Célia Orlato Selem, mestre em Estudos Feministas pela Universidade de Brasília e doutoranda em História Cultural pela Universidade de Campinhas.

No Brasil, as movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio aos grupos anarquistas do início do século 20, que buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e qualidade de vida. A luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 30, que conseguiram o direito ao voto em 1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. A partir dos anos 1970 emergiram no país organizações que passaram a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher. Em 1982, o feminismo passou a manter um diálogo importante com o Estado, com a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.

Recentes crimes contra a mulher mostram o caráter machista de nossa sociedade


Caso do goleiro Bruno é apenas mais um crime contra as mulheres, dos milhares que ocorrem todos os anos no país
Patrícia Vale, do Rio de Janeiro (RJ)

O caso do goleiro Bruno, acusado da morte de Elisa Samudio, expõe o machismo existente em nossa sociedade, o qual leva milhares de mulheres à morte todos os anos em nosso país. O mesmo machismo responsável pela morte da cabeleireira mineira Maria Islaine, assassinada em seu trabalho pelo ex-marido, e por outro caso recente que tem sido acompanhado pela imprensa, o da advogada Mércia Nakashima, assassinada em São Paulo.

Estes casos mostram também os limites da nossa sociedade para o combate ao machismo. A Lei Maria da Penha não protegeu Maria Islaine, que havia denunciado 8 vezes o ex-marido por agressões e ameaças, nem Elisa Samudio que denunciou Bruno em novembro do ano passado, por agressão, cárcere privado e por tê-la forçado a tomar uma substância abortiva. Estas mortes foram anunciadas e tanto a polícia como a Justiça não fizeram nada para evitá-las.

De vítima à culpada No caso de Elisa Samudio, a juíza do Juizado de Violência Doméstica que recebeu a denúncia em novembro, negou seu pedido de proteção alegando que não cabia a aplicação da Lei Maria da Penha, uma vez que ela teve com Bruno apenas uma relação eventual e que a Lei teria o objetivo de proteger a família. O exame que comprovou que Elisa havia tomado substância abortiva só foi realizado 8 meses depois, ela já estava desaparecida. A lei e a Justiça deveriam proteger a mulher, sem estabelecer julgamentos moralistas, a mulher que é vítima de todo o machismo reproduzido por nossa sociedade. Vítima da violência praticada pelo pai, namorado, marido, ex-companheiro ou qualquer outro homem.

No caso da morte de Elisa vemos também o machismo se expressar nos comentários que tentam justificar seu assassinato, desqualificando-a. Em geral, nos casos de violência contra a mulher, a vítima passa a ser culpada pela violência que sofreu. Se foi estuprada, foi porque usava uma roupa provocante. Se foi assassinada, mereceu, pois teve algum comportamento inaceitável para a sociedade. Repudiamos todo tipo de comentário ou argumento que justifica a violência cometida contra a mulher.

A impunidade alimenta o machismo Segundo pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto Zangari, 10 mulheres são mortas por dia no Brasil. A maioria delas é assassinada por seus maridos ou ex-companheiros, motivados por ciúmes, inconformados com o fim de uma relação ou com a resistência da mulher em se submeter a eles. São muitos casos como o de Elisa, Maria Islaine, Mércia e Eloá, a menina de 15 anos assassinada pelo namorado, após a polícia acompanhar o seqüestro dela por vários dias seguidos. São muitas mulheres violentadas física e psicologicamente e assassinadas todos os dias, dentro de nossa família, na vizinhança ou em caso contado por algum conhecido. São muitos os casos que não aparecem na imprensa, que a polícia não investiga, em que o culpado não é preso.

Se de uma forma geral, a impunidade é grande em nosso país, nos casos de violência contra a mulher ela é quase a regra. Há bem pouco tempo, os casos de assassinatos de mulheres por seus maridos eram interpretados como “legítima defesa da honra”. Antes da Lei Maria da Penha, o homem que agredia uma mulher era no máximo condenado a pagar cesta básica. Hoje, mesmo com a lei mais rígida, não vemos o homem agressor ser preso. Ao contrário, mesmo depois de denunciado, a violência sempre se repete, culminando em muitos casos com a morte da mulher.

O caráter de classe na violência contra a mulher É verdade que a violência atinge tanto as mulheres burguesas como as mulheres da classe trabalhadora. No entanto, a possibilidade de reagir e libertar-se da situação de agressão é diferente para as mulheres trabalhadoras. Elas sofrem com o desemprego e por isso muitas vezes dependem financeiramente do homem que as agride, não têm creche para deixar os filhos e por isso não podem trabalhar, o Estado não garante casas-abrigo e atendimento psicológico a estas mulheres. Por isso, a lei não é suficiente para colocar fim à violência contra a mulher. É necessário que o Estado garanta as condições necessárias para a libertação da mulher de toda situação que a oprima.

A luta contra o machismo é também a luta por uma sociedade socialista Os milhares de casos de violência e morte de mulheres, a impunidade que os cerca, a insuficiência da lei, a desigualdade imposta à mulher em relação ao homem no trabalho e no acesso a direitos, tudo isso é fruto da sociedade em que vivemos. A sociedade capitalista reproduz o machismo, pois se beneficia dele. As diferenças existentes entre mulheres e homens são transformadas em desigualdade para que o capitalismo possa melhor explorar toda a classe trabalhadora. Os menores salários pagos às mulheres, por exemplo, garantem lucros maiores para os capitalistas. Sendo assim, para que a libertação da mulher ocorra de fato, pondo fim a todo o machismo existente, é necessária a transformação da sociedade, para um modelo que não se alimente de desigualdades, mas que, ao contrário, combata todas as suas formas, uma sociedade socialista.

*Funcionária do Banco do Brasil, delegada sindical e ativista do Movimento Nacional de Oposição Bancária. Participa do Movimento Mulheres em Luta. É candidata a deputada federal no Rio de Janeiro, pelo PSTU.

A crise econômica agrava a violência contra as Mulheres

Todas as organizações e movimentos de mulheres, centrais sindicais e sindicatos precisam somar forças para lutar contra as demissões e contra a redução dos salários e de direitos das trabalhadoras e trabalhadores. Enquanto os patrões demitem em massa, o governo corta verbas da saúde, da educação, das políticas públicas de combate à violência contra as mulheres e da construção de creches. É possível conquistar vitórias com a força da luta.

O governo Lula, desde o início da crise, mostrou que está do lado dos patrões contra os trabalhadores. No ano passado, editou uma medida provisória liberando mais de R$ 160 bilhões para salvar os banqueiros, mas até agora não tomou nenhuma medida para impedir as demissões e a redução salarial.

Duplamente atacadas pela exploração e pela discriminação, as mulheres trabalhadoras enfrentam esta crise ocupando uma grande percentagem dos trabalhos precários. Nas maquiladoras, no México, na América Central e no Caribe, nas zonas francas no Brasil, em todos os trabalhos semiescravos da confecção na Argentina, nos miseráveis trabalhos das imigrantes nos EUA e na Europa.

Movidos pela crise, os governos reduzem ainda mais os orçamentos da saúde e educação. Crescem os preços das creches, dos serviços públicos, do transporte. Sem falar da cultura e do lazer, eternamente relegados. As obras públicas tão necessárias para proteger a mulher, como a iluminação de praças e ruas, são literalmente esquecidas. O mesmo acontece com o que tem a ver com a preservação da saúde da família, como a construção de novas moradias, de esgotos, o tratamento do lixo etc.

A possibilidade de conseguir empregos dignos que garantam a independência financeira, condição básica para a emancipação da mulher, cada vez parece mais distante, não somente nos EUA e na Europa, onde está o centro da crise. Uma análise da Cepal informa que, muito provavelmente, atividades com alta participação de mão-de-obra feminina, como o comércio, serviços financeiros, indústria têxtil, maquilas, serão afetadas pela crise. O mesmo se prevê para o turismo e o serviço doméstico, que concentram uma grande massa de trabalho feminino, sobretudo entre as trabalhadoras imigrantes.

Mas a mulher trabalhadora não é apenas golpeada como parte da classe trabalhadora, mas também como dona de casa e mãe. Hoje, segundo dados do IPEA 60% dos desempregados entre 21 e 40 anos são muheres. Em muitos casos, se verão obrigadas a complementar a jornada de trabalho com todo tipo de trabalhos informais para poder manter o lar, ao mesmo tempo em que continuarão com todas as tarefas domésticas. Também sofrerão a progressiva deterioração da educação, da saúde e de todos os serviços sociais e o aumento de dificuldades para atender aos filhos pequenos e adolescentes e aos pais idosos. Esta realidade já estão sofrendo a olhos vistos as mulheres imigrantes na Europa e nos Estados Unidos, cujos maridos se converteram nas principais vítimas da crise, assim como em nosso pais.

Frente a esta realidade, Têm sim que lutar, porque estão sendo despedidas das fábricas, dos bancos, dos escritórios, dos hospitales, dos comércios. Têm de que lutar porque seus maridos ficam na rua e elas são obrigadas a arcar com todo o peso do lar. Têm de lutar para defender a escola e o hospital público, porque disso depende a educação e a saúde seus filhos.

A progressiva destruição de todos os serviços públicos sobrecarrega a mulher trabalhadora e pobre, reforçando as cadeias da escravidão doméstica. O desemprego em massa não somente golpeia as condições de vida da família operária, mas traz consigo a deterioração das relações humanas. Perdem-se as perspectivas de futuro e vêm as válvulas de escape do álcool e das drogas.

Tudo isso redunda no aumento da violência, da qual, as mulheres e as crianças são as principais vítimas. Todos os dias se vêem casos de mulheres espancadas, crianças que são abusadas, mulheres violentadas. Isto se ampliará na medida em que cresça o desemprego. Aumentará também o assédio sexual no trabalho, pelo medo das mulheres de denunciar e pôr em perigo o emprego.

Com a piora das condições de vida, a falta de educação sexual e a dificuldade de acesso aos métodos de contracepção, mais mulheres trabalhadoras e pobres serão obrigadas a recorrer aos abortos clandestinos (ou aos brutais métodos dos abortos caseiros) diante de gravidezes não desejadas ou diante da impossibilidade de dar uma vida digna a seus filhos. Enquanto isso, as clínicas clandestinas seguem ganhando fortunas graças à legislação repressiva que impede que o aborto seja feitos nos hospitais gratuitamente e nas melhores condições médicas. Essas clínicas já são o segundo grande negócio, depois do narcotráfico, em grande parte dos países coloniais e semicoloniais.

Quanto mais crescer a crise, mais crescerá a tendência da burguesia a colocar as mulheres (assim como os negros e os índios) nas principais funções de Estado. A participação da mulher nos parlamentos e governos burgueses, ainda pequena, vem avançando em todo o mundo. Isso é reflexo distorcido das lutas das mulheres por sua emancipação. Porém as mulheres trabalhadoras e pobres não devem se deixar enganar. Vamos todas a luta!!!!

Nenhuma demissão! Nenhuma redução de salários e direitos Não ao assédio sexual e moral Pelo direito à maternidade Garantia de Licença maternidade de 6 meses Garantia de creche aos filhos menores de 6 anos Basta de violência contra a mulher! Legalização do aborto, já!

O que Mércia e Eliza têm em comum?


CRISTIANE ABREU, DE FORTALEZA (CE)

A advogada Mércia Nakashima encontrava-se desaparecida desde o dia 23 de maio de 2010. Seu corpo foi encontrado no dia 11 de junho do mesmo ano, na represa de Nazaré Paulista, no Interior de São Paulo. O principal suspeito do crime é o ex-namorado da moça, o também advogado Mizael Bispo.

Já Eliza Samúdio estava desaparecida desde 4 de junho, quando, segundo testemunhas, deixou um hotel na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio e seguiu para um sítio, no Município de Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG), de propriedade do goleiro do Flamengo, Bruno, de quem era amante e com quem afirmava ter um filho. De acordo com amigos da jovem, Eliza teria ido ao sítio do atleta rubro-negro para tentar chegar a um acordo sobre a briga na Justiça a respeito do reconhecimento do filho. No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias de que a mesma havia sido espancada e morta no citado sítio.

O desaparecimento da advogada Mércia e da jovem Eliza estão sendo intensamente noticiados nos principais meios de comunicação. As notícias, porém, ficam no campo do crime em si, do desenrolar das investigações. As respostas que devemos buscar, contudo, estão no seio desta sociedade, imperada por uma forte opressão silenciada contra a mulher.

Os dois crimes chocam a sociedade pela brutalidade e frieza com que foram cometidos; pela agonia pela qual passaram os familiares das duas moças, a esperança de encontrá-las vivas e, principalmente, pela deficiência e demora da polícia que não parece agir com a devida rapidez, no sentido de solucionar o caso para que os culpados sejam presos.

Mizael, segundo familiares da moça, era rude e agressivo com Mércia, que se tornava outra pessoa, irreconhecível, quando estava junto ao rapaz. Por conta desses fatores, a família de Mércia se posicionava contra o relacionamento, apesar disso a relação durou cerca de quatro anos. Em outubro de 2009, Eliza já registrara na polícia uma queixa de seqüestro, agressão e ameaça, contra o goleiro Bruno. A moça estava grávida e teria sido obrigada a abortar o filho que seria do goleiro e, recusando-se a cometer tal ato, foi dopada e tomou medicamentos que abortivos, os quais, contudo, não surtiram o efeito desejado pelo goleiro. Não é demais enfatizar: Eliza já tinha sido vítima de agressões por parte do goleiro Bruno, denunciando-o à Delegacia de Atendimento a Mulher no Rio de Janeiro. Todavia, Bruno continuou livre e confiante para levar até as últimas conseqüências seus atos violentos contra Eliza.

O sensacionalismo que cerca o noticiário acerca destes dois crimes brutais não quer dizer, a princípio, que a imprensa brasileira, dominada pelos interesses do mercado, esteja necessariamente comovida com os atos de covardia, machismo e o crime maior, a perda da vida, impetrados contra as mulheres.

Certamente, é mais do que legítimo que sejam denunciados através da mídia, atos de opressão e crimes contra as mulheres (e homens) de qualquer classe social. Não podemos deixar de indagar, contudo, quantas Mércias e Elizas não são mortas por seus companheiros, em situações igualmente cruéis e selvagens e que as páginas e vozes da imprensa, qualquer imprensa, deixam passar praticamente em branco. Provavelmente, não vêm, essas tantas outras, de famílias de advogados, pertencentes à classe média, ou têm, como companheiro, o goleiro de um clube da alta elite do futebol brasileiro.

Cotidianamente, mulheres trabalhadoras, mães de família, jovens ou senhoras, solteiras ou casadas, são vítimas do machismo e de todo tipo de exploração, porém, essas situações além de não merecer a atenção da mídia, na maioria dos casos, sequer são denunciadas nas delegacias. O que leva essas mulheres a se recolherem? Vários fatores, a nosso ver: falta de informações sobre seus direitos, por um lado; e falta de confiança nas instituições policiais (inseridas que estão num Estado burguês que avilta sistematicamente esses parcos direitos duramente conquistados); vergonha; e, principalmente, medo, medo de que lhes venha a acontecer o que aconteceu com Mércia e Eliza.

Com efeito, vivemos em uma sociedade, onde homens como Bruno são denunciados por suas companheiras por espancamento, seqüestros, ameaças e não lhes acontece nada, no máximo, vão pagar algumas cestas básicas e depois sair contando vantagem para seus amigos. Vivemos em uma sociedade, onde homens, assim como Mizael, não podem ser preteridos pelas namoradas, pois são machos, caçadores, são eles que ficam por cima e são eles que devem dizer quando a relação acabou.

O que Mércia e Eliza têm em comum? Bem, elas foram vítimas do mais puro machismo propalado por esta sociedade capitalista. É bem verdade que as origens do machismo são anteriores ao capitalismo, encontrando vigência em outras formas de organização social fundadas na propriedade privada e na exploração do homem pelo homem. No capitalismo, contudo, o machismo mostra sua face mais cruel e violenta, pois é reproduzido pela família, escola, religião e, mais ou menos abertamente, através da mídia, da música, dos filmes e novelas, passando, enfim, tudo a ser visto com algo natural e comum.

Entretanto, não podemos aceitar o machismo, pela mistificação da simples condição “Eu sou homem”. Muito pelo contrário, devemos combatê-lo e denunciá-lo diariamente, entre nossos familiares e amigos, assim como devemos encorajar nossas amigas, vítimas de qualquer tipo de opressão, a se dirigirem a uma delegacia. Devemos lutar para que estes homens que cometem atos violentos e agressivos contra as mulheres sejam severamente punidos, devemos lutar por leis que garantam a seguridade das mulheres, pois não podemos permitir que as agressões sofridas pelas mulheres caiam na impunidade e no esquecimento.

Por fim, não podemos nos esquecer de que a luta da mulher contra todo tipo de opressão, a luta, em suma, por sua emancipação, se dá no mesmo campo da luta dos trabalhadores. É no palco da luta de classes, que se entrava nossa tarefa maior. Lutar contra esse machismo exacerbado ao qual o homem é também vitimado significa lutar contra a exploração do homem pelo homem, contra a propriedade privada e contra o capital, pois, se é verdade o que certa vez, disse Lênin - “O proletariado não alcançará a emancipação completa se não for conquistada primeiro a completa emancipação da mulher”- a emancipação da mulher só será plenamente conquistada quando plena for a libertação da classe trabalhadora.

 

Sobre a Mulher


León Trotsky

A experiência histórica demonstra que inclusive o proletariado que luta contra os opressores presta pouca atenção à opressão da mulher como dona de casa e esposa. Tão oprimente resulta o costume a respeito da escravidão familiar da mulher! Sem descanso, sem dias de festa, sem o menor raio de esperança! Só se pode modificar a situação da mulher desde suas raízes se se alterar todas as condições sociais, familiares e domésticas. A profundidade da questão põe de manifesto o fato de que a mulher é em essência um ponto vivo onde se cruzam as fibras decisivas do trabalho econômica e cultural. O problema da mãe é sobretudo o problema de uma casa, de água corrente, de uma cozinha, de uma lavanderia, de um restaurante. Porém, também é o problema da escola, dos livros e de um lugar para o descanso. Os açoites do alcoolismo caem sem piedade sobre a dona de casa e a mãe. O mesmo sucede com o desemprego e a ignorância. A água corrente e a eletricidade na casa aliviam a carga da mulher. O grande número de crianças sem casa em nossos povos é um terrível castigo, pelo fato de que todavia estamos nas redes da velha sociedade que nos apresenta sua face mais viciosa na época de sua decadência. A situação da mulher e da criança nunca foi tão difícil como nos anos de transição do velho para o novo. As facilidades de cuidado infantil, restaurante e lavanderia devem oferecer vantagens tais que desfazem a velha e fechada unidade familiar sustentada por completo nos ombros curvados da dona de casa. Os cuidados dos meninos em centros públicos e a alimentação em restaurantes comunais representam maior economia que nos gastos familiares. É impossível avançar deixando para trás a mulher.... Da escravidão da mulher têm crescido preconceitos que penetram profundamente por todos os poros de nossa consciência nacional. (Escritos compilados de León Trotsky, A mulher e a família).

ILAESE/2009

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STCNI - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio de Nova Iguaçú e Regiões
By: Fernanda Gonçalves